segunda-feira, 25 de julho de 2011

Poço do Negro (Santa Maria Açores)

Por meados do século quinze, já Santa Maria era povoada por colonos vindos de várias partes do reino e escravos do Norte de Africa. Todos trabalhavam arduamente na terra para a fazer produzir. Mas as populações nem sempre viviam em convívio pacífico, aconteciam desavenças, desentendimentos e cometiam-se crimes. Assim aconteceu com um escravo negro. A justiça então era dura, a morte pagava-se com a morte e o negro não viu outra solução senão fugir.
Embrenhou-se no interior, descobriu furnas e algares que lhe serviram de abrigo das tempestades fortes que assolavam a ilha. Passou muita fome porque a caça não era abundante e tinha de andar constantemente a esconder-se. Os aguazis, mandados pelos senhores, perseguiram-no sem descanso. Calcorrearam a ilha por todo o lado, procuraram principalmente nos lugares mais recônditos e de difícil acesso. Mas nunca o encontraram. Por fim, desistiram da sua busca, embora a raiva e um medo secreto prevalecessem na população.
Um dia, um caçador, que andava à espreita de coelhos, embrenhou-se nos matos e acabou por se perder no meio de abundante arvoredo. Continuou a andar, mas desorientado, até que teve de ladear uma ribeira e foi dar a um poço. Como o calor tinha sido intenso naquele dia e o cansaço era muito, o homem estava sequioso. Sentou-se na margem, fez uma concha com as mãos e baixou-se para tirar água do poço, já escurecido pela penumbra, devido à avançada hora e à sombra das ramagens. Apercebeu-se que a água estava muito lodosa e que exalava um cheiro terrível. Ergueu-se desanimado e preparava-se para seguir caminho incerto quando, lançando um olhar mais atento ao poço, viu que nele flutuava um objecto de desmedidas proporções, de cor escura, que lhe lembrou o cadáver do escravo negro, desaparecido. Amedrontado, correu, desesperadamente, ao subir a rampa marginal, perdeu os sentidos e só os recuperou pela madrugada do dia seguinte. Ainda meio tonto, voltou a caminhar à deriva, até que avistou um casebre cujos moradores lhe indicaram caminho seguro.
O caçador, ainda abalado, contou o que havia visto e então os marienses passaram a chamar àquele reduto de água “Poço do Negro”. O medo de por ali passar dominou as populações marienses e ainda hoje afirmam que o poço não tem fundo e é lugar assombrado.

Fonte: http://www.lendarium.org




O Poço que supostamente não tem fundo...




Mais á frente, num outro "afluente" da ribeira encontramos mais um pequeno poço com a mesma água negra.


Vista por cima das árvores


Por entre as árvores quase que se avista a Baía do Raposo, que vai ficar para um próximo passeio.


Há já muitos anos que ouvia falar do "Poço do Negro" e dos mitos ao seu redor, daí a curiosidade de lá ir.